segunda-feira, abril 09, 2007

S.

É a fraqueza do homem que o torna sociável;
são as nossas mi­sérias comuns que levam os nossos corações a interessar-se pela humanidade: não lhe deveríamos nada, se não fôssemos homens.
Todos os afectos são indícios de insuficiência: se cada um de nós não tivesse necessidade dos outros, nunca pensaria em unir-se a eles. Assim, da nossa própria enfermidade, nasce a nossa frágil fe­licidade.
Um ser verdadeiramente feliz é um ser solitário;
só Deus goza de uma felicidade absoluta;
mas qual de nós faz uma ideia do que isso seja?
Se algum ser imperfeito se pudesse bastar a si mes­mo, de que desfrutaria ele?
Estaria só, seria mi­serável.


Jean-Jacques Rousseau, in 'Emílio'