segunda-feira, março 31, 2008

ontem, como hoje... ou hoje, como ontem...

Princesa Desalento

Minh'alma é a Princesa Desalento,
Como um Poeta lhe chamou, um dia.
É magoada, e pálida, e sombria,
Como soluços trágicos do vento!
É frágil como o sonho dum momento;
Soturna como preces de agonia,
Vive do riso duma boca fria:
Minh'alma é a Princesa Desalento...
Altas horas da noite ela vagueia...
E ao luar suavíssimo, que anseia,
Põe-se a falar de tanta coisa morta!
...



Lágrimas ocultas

Se me ponho a cismar em outras eras
Em que ri e cantei, em que era querida,
Parece-me que foi noutras esferas,
Parece-me que foi numa outra vida...
E a minha triste boca dolorida,
Que dantes tinha o rir das primaveras,
Esbate as linhas graves e severas
E cai num abandono de esquecida!
E fico, pensativa, olhando o vago...
Toma a brandura plácida dum lago
O meu rosto de monja de marfim...
E as lágrimas que choro, branca e calma,
Ninguém as vê brotar dentro da alma!
Ninguém as vê cair dentro de mim!

Florbela Espanca

ao som do albúm "Lady Cobra" dos Riding Pânico

2 Comments:

Blogger Jaime de Almeida said...

boas. será que podes enviar-me o álbum de riding panico? estou a pensar ir ao musicbox na 5a a noite mas gostava de ouvir primeiro.

se puderes e nao te importares, diz kk coisa.

obrigado, Jaime

4/01/2008 7:23 da tarde  
Blogger vertigo said...

oh Jaime, vais ter de fazer como eu...
comprar o cd no concerto (ou noutro lado onde esteja disponivel) e ouvir antes no myspace deles
;)

4/04/2008 11:38 da manhã  

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